Publicado por: Carlos Borges Bahia
Publicado em 8 de maio de 2025

O convite da Rússia para participar do chamado Dia da Vitória, celebrado todos os anos em diversas partes do país, também foi acolhido por outras lideranças de países do chamado Sul Global, como os chefes de Estado de Cuba, Sérvia, Eslováquia, Indonésia e das ex-repúblicas soviéticas.

Para especialistas em política externa russa, Putin usa a data comemorativa para incitar o patriotismo entre a população russa, ao mesmo tempo em que busca mostrar ao resto do mundo que não está isolado e vem fortalecendo sua posição como liderança alternativa ao Ocidente.

As lembranças em torno da vitória da entaão União Soviética (URSS) sobre a Alemanha nazista ainda servem como uma forma de legitimar as políticas contemporâneas do Estado russo e traçar paralelos entre o passado e o presente, diz o historiador e professor da Escola de Estudos Internacionais Avançados da Johns Hopkins.

“Os aparatos de propaganda russos vendem a ideia de que o governo está lutando contra o nazismo na Ucrânia da mesma maneira que fez entre 1941 e 1945, e que esta também é uma guerra patriótica que exige sacrifícios”, afirma.

Um dos argumentos centrais de Vladimir Putin para justificar a invasão da Ucrânia é o objetivo de “desnazificar” o país. Apoiadores da Ucrânia rejeitam essa acusação e contra-argumentam que o presidente, Volodymyr Zelensky, é judeu.

“O [Kremlin] passou a construir praticamente um culto à 2ª Guerra Mundial na Rússia e a torná-lo mais popular entre o público, especialmente porque a geração mais velha, que lutou e acompanhou a guerra, está aos poucos morrendo.”

E a presença de chefes de Estados estrangeiros, dizem os especialistas, torna ainda possível para Putin difundir sua mensagem também para o exterior, em primeira mão.

O principal evento em torno do Dia da Vitória  é o desfile militar na Praça Vermelha. Sob o governo de Vladimir Putin, a partir de 2008, a parada passou a ser anual e se tornou uma demonstração de força das tropas e equipamentos militares, além de uma chance de lembrar os sacrifícios da 2ª Guerra Mundial.

O resgate do passado, aliás, é uma parte central da data para o Kremlin, explica Sergey Radchenko, historiador e professor da Universidade Johns Hopkins.

“[O 9 de maio] é um feriado importante na Rússia e um momento simbólico para Putin”, diz. “Quase nada na história russa se compara à forma como a vitória na 2ª Guerra Mundial é vista no país.”

E segundo Radchenko, o momento é utilizado para canalizar o sentimento patriótico da população e difundir a imagem de uma Rússia vitoriosa e poderosa — algo que se tornou ainda mais importante para o governo desde o início da guerra contra a Ucrânia.

Veja Também