Publicado por: Carlos Borges Bahia
Publicado em 13 de janeiro de 2025

A cantora é investigada por cantar “Jesus” em vez de “Iemanjá”

O Ministério Público da Bahia marcou, para o próximo dia 27 de janeiro, uma audiência pública para discutir a denúncia de racismo religioso contra a cantora Claudia Leitte. O “crime” de Claudia consistiu em trocar uma da música “Caranguejo”, substituindo a frase “saudando a rainha Iemanjá” por “eu canto meu Rei Yeshua”, que é o nome de Jesus em aramaico.

A denúncia foi formalizada por uma líder religiosa de matriz afro, conhecida por mãe Jaciara, e pelo Instituto de Defesa das Religiões Afro-Brasileiras (Idafro), com alegação de intolerância religiosa, por uma questão de convicção de fé da cantora Claudia Leitte.

Quem deveria reivindicar alguma coisa, seria o autor da música, ou quem detém legítimo direitos sobre a composição. Possivelmente a cantora deve ter direito autorais sobre a composição da música, e a autorização do autor para fazer ajuste no texto da letra.

Vale lembrar que, muitos dos símbolos usado nas religiões de matriz afro, tiveram origem nos ídolos da Igreja Católica. A religião Católica, por exemplo, ao longo de sua existência, recebeu muitas influências do judaísmo, grego e árabe, e ainda hoje recebe influencia, não só de outras religiões, como também de diversos princípios filosóficos, sociológicos e culturais.   

O que se percebe, é preconceito religioso e intolerância por parte daqueles que não aceitam o fato de a cantora mudar seus ideais e a percepção religiosa. Por que alguém deveria ser obrigado a cultuar um símbolo religioso, o qual não lhe é mais interessante?

Entenda o contexto histórico religioso, e a palavra Yeshua (o aramaico era falado na época de Cristo, um idioma que teve origem do hebraico com árabe-sírio).

O nome de Jesus (forma latina de Yeshua) não foi dado por nenhum ser humano, mas por um anjo de Deus. Conforme o Evangelho de São Lucas, o anjo dirigiu as seguintes palavras a Maria, uma jovem de Nazaré:

“Não temas, Maria, pois encontraste graça diante de Deus. Eis que conceberás e darás à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus. Ele será grande e chamar-se-á Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi; e reinará eternamente na casa de Jacó, e o seu reino não terá fim”. (Lc 1, 30-33)

Mais tarde, quando Maria e José apresentaram Jesus no Templo de Jerusalém, um homem justo e piedoso chamado Simeão profetizou que o nome daquele menino seria motivo de grandes conflitos:

“Eis que este menino está destinado a ser uma causa de queda e de soerguimento para muitos homens em Israel, e a ser um sinal que provocará contradições, a fim de serem revelados os pensamentos de muitos corações. E uma espada transpassará a tua alma”. (Lc. 2:34)

 Foto: Alex Carvalho/CGCOM/Wikimedia Commons)

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